Carta para Angelise

Querida Angelise,


Estivemos cada dia mais juntas nessas últimas 36 semanas. Vivemos dias de muita alegria e dias de muitas descobertas. Percebi que não foram fáceis para ti essas descobertas. Antes, imaginavas que a gravidez seria uma caminhada tranquila, que tirarias de letra todas as questões que se apresentariam. Não foi bem assim, verdade? Os sangramentos te desestabilizaram de início. Veio o choro, a incerteza. Mas veio também o companheirismo e a cumplicidade. Veio o cuidado e o amor duplicou. Vieram as dores - muitas e inexplicáveis. Caminhar, dirigir, abaixar-se, dormir - tudo foi sendo reduzido, limitado - dia a dia. Vieram os estalos nas cadeiras... as contrações, as cólicas. Essa limitação foi o pior para ti, acostumada a ser dona de tuas escolhas. Reclamaste para cada um que te perguntou sobre como andavas, afinal, tu não és de disfarçar o que te vai nas veias. No entanto, cada vez que teu filho mexia, percebia que te animavas para o próximo passo, que te abrias para outro universo. Eu vi que nessas 36 semanas te esforçaste para ser toda amor. Nem sempre conseguiste. Vi que foste lapidando tua alma, saindo das sombras, limpando o caminho para trazer de dentro "a mãe". A mãe está aí. Já a vejo. Toda organizada, cheia de medos e incertezas. Cheia de esperança e amor. Amor nunca haverá de faltar! Não tenho dúvidas disso! Agora, eu - a Angelise filha - seguro a tua mão para mais esta empreitada. Nunca nos abandonaremos e nunca abriremos mão dessas descobertas do viver. Serão tempos imprevisíveis - complicados para ti que gostas de te organizar. Serei aqui, tua rede de apoio, teu ombro e tua amiga. Te permite errar, não planejar, viver leve essa experiência da maternidade. Te permite abrir mão do que não é urgente. Te permite! Afinal, minha amiga, não estás sozinha! 

Abraços,

Angelise.

Comentários

Postar um comentário