Alfredo Tonetto, 414


                                                   Para Marcus, que voa comigo


Aos poucos, a casa vai se despedindo...

as gavetas abertas cederão lugar a outros tecidos e utensílios 
as paredes contarão outras histórias 
em quadros coloridos ou monocromáticos
os móveis borrarão as digitais de mãos sedentas de amor
do calor dos abraços e dos afagos
o guarda-roupas terá outros cheiros e não será mais os das manhãs de sorrisos abertos
os livros irão para outros olhares
mesmas mãos, novas prateleiras
serão território de renovadas descobertas

Na cozinha, não haverá taças de vinho e garrafas expostas e louça por lavar cheia de conversas e textos e artigos 
o fogão receberá novo artífice

No jardim, a roseira perderá a plateia atenta ao seu despertar 
As árvores não amadurecerão ao olhar da criança e não matarão a sua sede
os passos serão renovados de histórias 

Aos poucos, a casa vai se despedindo... 
E nós nos movemos em nossos alicerces carregados de sonhos.


Comentários

  1. Que lindo Lise.... embora um pouco triste, melancólico talvez.
    Desejamos que a vida de vocês, agora com a companhia mimosa e cheirosa do Pedro, em outro abrigo, em outra cidade, tenha o mesmo esplendor, beleza e poesia que teve por aqui.
    Vamos ter saudades... saudade daquela conversa despretenciosa, da conversa que busca um apoio e um conselho, do cafezinho feito a capricho.... Que Deus siga iluminando o caminho de vocês...

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    1. <3 Sempre estaremos de portas abertas para recebê-los, mano...onde quer que estejamos

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