A falsa impressão de que temos mais...


Quando chegamos a um país que tem a sua moeda menos valorizada do que a nossa é uma alegria imensa. Durante alguns dias desfrutamos de um sentimento único, o de estarmos "bem na foto". Ledo engano! Passadas duas semanas, descobrimos que real mesmo é o famoso verso da canção de Paulinho da Viola. "Dinheiro na mão é vendaval", é viração, é tempestade, é desesperador para aquele que não tem o pé no chão. Comer, vestir, deslocar-se, conhecer a cultura do outro... gera um custo absurdo. E que custo viver em um país onde a inflação não está controlada. Na Argentina, lechuga é por quilo. O café custa o mesmo valor que no Brasil, e o sabor do expresso do outro lado da fronteira é incomparável. Viva o café com pão, café com pão, café com pão! A carne (para aqueles que miram o país do Maradona como um país que investe no campo) custa o dobro do que pagamos no Rio Grande do Sul. Gallina é luxo. Porco não se come. Charque, só fazendo em casa. "Dinheiro na mão é vendaval, é solução, é solidão" - e eu, com o pouco que tenho, como palavrinhas em castellano, porque livro aqui é coisa consumível. É artigo popular. Falsa impressão a de se ter mais. Se tem igual. Se tem igual.

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