Das mudanças
Navegar é preciso,
versejou Fernando Pessoa em uma de suas mais conhecidas poesias. Em meio ao
turbilhão de eventos de nossa vida moderna eu diria: mudar é preciso, mudar
sempre é preciso. Mudar é uma condição para que haja vida...
A própria natureza foi
programada para este tipo de configuração temporal, se repararmos. A cada dia
nos tornamos um pouco mais maduros para a vida. As experiências vividas nos
mostram os caminhos, nos auxiliam nas escolhas, moldam nossas realidades. Experenciar
é viver e viver é um conúbio com o tempo, no tempo, para o tempo.
Estas questões de
temporalidade me fizeram recordar "O Curioso caso de Benjamin
Button", filme protagonizado por Brad Pitty. Neste filme, Button enfrenta
o tempo e a finitude que marcam o ser humano numa inversão interessante. O
personagem nasce velho e vai rejuvenescendo com o passar dos anos, morrendo
bebê. O ápice de sua maturidade está na juventude bem vivida entre os braços de
Daysi. Sem levar em conta as questões que implicariam esta inversão na vida dos
demais, no destino dos demais, é significativo pensarmos a experiência. É o
inverso de morrer, sem abandonar a morte diária de nossas perspectivas.
Caminhamos para nos tornarmos mais velhos, Button caminhada para se tornar um
recém nascido. Metáfora interessante se buscarmos o sentido da vida, de nossa
vida: para onde caminhamos afinal?
O fato é que a mudança
está abraçada com a morte. A morte como algo natural. Quando mudamos de casa,
abandonamos nossa morada antiga e (re)significamos novos espaços. Quando
fazemos aniversário, mudamos nossos números e deixamos o tempo fazer seu
trabalho, marcando nossa face com suas estrias. Mudar é natural. Mudamos
sempre.
A grande questão em mudar
- seja a mudança que for - é estarmos abertos e de coração limpo para o que
precisarmos dar sentido novamente. Mudar é se permitir ser outro, renovado,
outra vez e sempre e sempre que preciso for, mudar e mudar de novo.
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