O Tempo e o Vento: leituras e emoções.
Em pleno 20 de setembro, dia do Gaúcho, uma semana antes da estréia no restante do Brasil, estreou em todos os cinemas do Rio Grande do Sul o filme "O Tempo e o Vento", filme baseado no romance histórico de Érico Veríssimo. A qualidade da produção é inquestionável. Foi feito um investimento para gaúcho nenhum botar defeito...
Nas salas de cinema lotadas, misturaram-se pessoas de todas as idades. Idosos, adultos, jovens e crianças formaram filas e filas para ver uma das mais importantes representações literárias do nosso país. Eu, que sou de fiar o tempo em meio as páginas dos livros, fui conferir a produção.
Não sei como seria ver o filme sem ter lido todos os sete tomos escritos por Érico Veríssimo. Eu devorei, avidamente, "O Tempo e o Vento" Com Ana Terra, senti os ventos que traziam os mortos de todos os tempos para dentro do sobrado e para as ruas de Santa Fé. Com Bibiana, me apaixonei pelo Rodrigo quando este entrou no vilarejo e chorei com ela e Bolívar junto a sepultura do Capitão. O Continente I é, sem dúvida, uma narrativa marcante para mim.
Eu que sempre fui de histórias, vi no capítulo "A Fonte" a formação do Rio Grande do Sul. As matrizes platina e lusitana entrelaçadas no nosso sangue de gaúcho, representados por Pedro Terra - fruto do amor de Ana e Pedro Missioneiro, descendentes de bandeirantes portugueses, índios e castelhanos respectivamente. Li na obra de Érico a peleia que marcava a década de 30 no nosso estado: de uma lado, o Instituto Histórico do RS, afirmando nosso laço lusitano, brasileiro, excluindo todos os demais tentos. De outro, Manoelito de Ornellas olhando nosso formação para além dos nossos contornos geográficos à época da revolução guaranítica.
Há narrativas que contam a vida da gente, a vida que, de alguma forma, configura-se como a vida da gente. "O Tempo e o Vento" é uma destas narrativas que são nossa representação como povo. Nela percebemos toda a configuração de nossa história, de nossa cultura, do tipo social sulino.
Eu, leitora de Érico... eu que não consegui ver o filme de Jayme Monjardin sem relacionar as duas formas de representação: a literária e a cinematográfica...eu, leitora de Érico, que me emocionei na primeira cena do filme... que me emocionei com o olhar de Fernanda Montenegro como Bibiana.... que me apaixonei pelo Capitão Rodrigo de Thiago Lacerda - Eu recomendo o filme! Não há como não sair, depois de tanto tempo sendo cara e corpo de Tarcisio Meira, com um Rodrigo renovado... ainda mais bem interpretado.
Depois do filme (depois da obra de Érico Veríssimo), permanece na memória a roca, o fiar e o tempo... para tecermos nossa caminhada diante das infinitas leituras que o mundo e as palavras nos proporcionam...sempre ao embalo do vento!
Comentários
Postar um comentário