De sabores e leituras para um primeiro encontro

Ler, já escreveu Paulo Freire, vai além de decodificar as palavras. A leitura nos permite ampliar saberes, visões acerca do mundo, das coisas, das pessoas, das circunstâncias. Ler nos permite entrar no mundo mágico da imaginação e dar voz, cara, cor e cheiro aos nossos personagens. A leitura é um pomar de sabores diversos que buscamos conforme nossa fome. 


Para além deste “abrir a janela” e ver o que há na rua, nas casas a volta, atrás dos montes e no caminho do horizonte – a leitura é carregada de temperos e de descobertas sobre quem somos. Ler é estar frente a frente com o reflexo de nós mesmos.

Importante saber que na leitura não é o autor o grande personagem da trama. Ele é coadjuvante, prato secundário na mesa de nossas preferências. Roland Barthes, em “A morte do autor”, revela que é com o leitor que o texto ganha forma e manifesta seus sentidos. Para Barthes, “o leitor é o espaço exato em que se inscrevem, sem que nenhuma se perca, todas as citações de que uma escrita é feita". Aqui, cada sentido pertence a aquele que me lê neste espaço. E juntos somos uma biblioteca inteira.

Nossa leitura é encontro. É no texto que nos (re)conhecemos. Eu, escriba e você, leitor, que preenche os espaços e reconhece o sabor de minhas intenções. Sim, meu texto é carregado de sabores – você os verá e os reconhecerá palavra a palavra. São palavras recheadas de poesia, cuidadas com mãos de romance. Há temperos de outras paragens, de outros tempos, sobrevividos aos temporais e secas de minha memória. São leituras de outras leituras – uma rede de sentidos que só acontece quando o jornal ganha as ruas e as mãos dos transeuntes... quando o leitor decide me encontrar no espaço da página.

Leitura é prazer. Prazer em conhecer-nos.  



Comentários