Antropofagias, parangolés e educação

Contam por aí que Oswald de Andrade não tinha pensando em uma teoria dos trópicos quando escreveu o Manifesto Pau-Brasil. Foi com Tarsila do Amaral que a Antropofagia veio à tona como proposta de Oswald, a fim de repensar a nossa escrita, o nosso fazer literário, buscando uma língua e uma literatura não-catequizada, definitivamente nossa. 

À sua época, com os mesmos ideais de Oswald - na busca por pensar e repensar algo a partir de nossas proposições, para nosso contexto, sem modelos pré-estabelecidos, Hélio Oiticica - pintor, escultor, artista plástico e performático  - criou o Parangolé. Uma arte feita no corpo, com o corpo - onde há uma incorporação da obra com o autor, onde todos podem colaborar, saindo da cadeira de espectador, agitando-se como partícipe da criação. O Parangolé é a arte da liberdade de criação - no não estabelecido - da múltiplas possibilidades, do exercício da participação.

Na educação, precisamos nos apropriar deste "Parangolé Pedagógico". É preciso proporcionar espaços onde os alunos sejam artistas de suas práticas, onde possam tomar decisões a partir de reflexões claras e coerentes realizadas no espaço da convivência. É preciso proporcionar espaços de buscas, de desapego aos modelos, de pensar o local, o nosso universo na prática pedagógica. É preciso que nós, professores, também nos tornemos artistas, autores de nossas ações. É tempo de nos apropriarmos de nossa arte, de propormos reflexões antropofágicas a partir de todas nossas leituras, de todas nossas práticas, retirando o melhor de nossas reflexões, de nossas relações, nos tornando mais fortes frente aos desafios de caminhar em mapas ainda não definidos. Para a nossa Educação, nossos sonhos.
http://modovestir.blogspot.com.br/2008/08/parangols-de-oiticica-clique-aqui.html#.VCS4IWddV8E 

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