Em tempo de Semana Farroupilha

A relação que cultivo com a poesia é de berço. Alguns dirão, genética, porque sempre algum "Fernandes da Silva" carrega um verso e uma prosa dentro de si - isso é assim desde o Vô Pedro e da Vó Noemia. E assim foi. Em mim, o verso veio cedo. 

Comecei a declamar poesia antes mesmo de ser alfabetizada. Para decorar um poema, minha mãe tinha que decorá-lo também. Lia verso por verso para que eu aprendesse, para que eu compreendesse bem e desse veracidade para a interpretação. Aos quatro anos eu já participava de concursos de declamação pelos CTGs de Santa Maria.

Meu pai, sempre preocupado com minha formação humana, a cada apresentação que eu realizava, me explicava veementemente antes de entrar no palco: "o importante, minha filha, não é ganhar, mas participar". E eu participava com o melhor de mim.  

Em meio aos festejos da Semana Farroupilha, lembro-me disso, lembro-me da minha família, das minhas memórias mais sagradas. Participando dos Centros de Tradição à época aprendíamos coisas significativas para nossa trajetória de vida. Aprendíamos a respeitar a nós mesmos e a respeitar aos outros como verdadeiros outros na relação. Que os festejos de nosso tempo presente sejam de reflexão e de respeito mútuo, para jamais perdermos a poesia que nos aproxima, a musicalidade que nos embala.

 

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