Estou farta....

Estou farta de tanta homofobia, de tanta xenofobia, de tanto racismo. Estou farta da agressividade diária que as redes sociais  e os jornais da nação têm perpetuado, compartilhado e (acreditem!) curtido Brasil afora. Estou carente de humanidade, de gente que tem brilho no olhar, que não se mecanizou. Estou carente de respeito coletivo, de responsabilidade coletiva. Estou necessitada de educação, de gratidão, de memória, de generosidade, de amor.

Recentemente, um professor da Universidade Federal do Espírito Santo foi afastado de suas atividades docentes por declarar, em aula, que preferiria ser atendido por um médico branco do que por um médico negro. Justificou o "ilustre professor" que um médico branco teria tido mais oportunidades ao longo de sua formação, que estaria mais bem preparado para o exercício da profissão. Este professor, frente a tudo isso, ainda acredita não ser uma pessoa preconceituosa e defende-se com argumentos que tentam justificar seu racismo. 

A educação está cheia de preconceitos velados, de preconceitos declarados. E não me refiro a Educação Básica. A Educação Básica ainda é o lugar que encontramos maior propagação do exercício da escuta, da colaboração, da humanidade, do respeito ao indivíduo. Refiro-me, em especial, ao Ensino Superior. 

Como aluna de graduação, escutei inúmeras vezes que, por sermos filhos da educação básica pública, por sermos brasileiros, jamais conseguiríamos ler devidamente literatura clássica, por exemplo;  que isso não era material acessível as nossas condições inferiores, porque brasileiro que se prese não lê, não sabe ler. E isso é apenas uma amostra das inúmeras barbaridades que já vivenciei como professora em formação. 

E é por isso que defendo uma educação firmada no amor, no amor difundido por Paulo Freire e por Humberto Maturana - o amor como a própria educação, como  a aceitação do outro como verdadeiro outro na relação. Nós precisamos urgentemente nos humanizar, humanizar nossas salas de aula. Só assim pessoas como este professor da Universidade Federal do Espírito Santo abandonarão o racismo e passarão a ver as pessoas a partir de uma outra ótica, que não a da cultura de dominação, patriarcal e ainda tão presente no nosso país.


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