Reflexões sobre o viver - parte 7

Para todos meus tios, primos,
irmão, pais, que sempre me fizeram ver 
na simplicidade das coisas a alegria de permancer.

Sinto o cheiro do pão batido da tia Jaci invadindo a minha memória. Coloco margarina e açúcar cristal na minha fatia imaginária. Saboreio lembranças!

Minha infância tem cheiro adocicado. Cheira a doce de leite feito em casa, pela tia Nida e pela minha mãe. A mãe ficava horas e horas as voltas com o fogão a lenha, no fundo do pátio, remexendo o tempo que só é passado. A tia reservava surpresas no armário de madeira amarelo.  E sempre (sempre!) fazia o tempo render carinhos, presença e narrativas. Ainda escuto, no corredor de luzes acesas da minha memória, o sapo em seu coaxar, entre concursos e risadas. 

Ir a São Pedro e não comer as roscas da tia Diones, feitas com vinagre,  é o mesmo que não ir.  Ela amassa com ternura o espaço e o tempo  - nos faz crianças em volta da bacia de nossa infância. 

Minha infância tem cheiro de churrasco de pai. Tem o tio Diogo na cozinha e tem chá de boldo de prontidão. E tem roda, família reunida, felicidade. 

Ainda sinto o cheiro do pão batido da tia Jaci invadindo a minha memória enquanto viro a página de mais um livro de Laura Esquivel. Em "Como água para chocolate", o narrador me teletransporta para o universo único de minha memória. Definitivamente sou feliz!

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