Reflexões sobre o viver - parte 8

Não há um botão que cliquemos para a felicidade acontecer. Ela não chega assim, sem rituais internos. Não chega automaticamente e dificilmente vem acompanhada. É nossa responsabilidade despertar para a vida e aceitar o despertar dos demais. 

No conviver que nos relacionamos, o da cultura do consumo, vivemos uma ideia de felicidade que vem pela via da posição social, do ter as coisas. Se não lucramos, não competimos, não ganhamos - e, nesta situação, dificilmente nos encontramos com a recompensa maior que promete esta sociedade - a felicidade. Ter negado o direito a esta felicidade só gera sofrimento.

Para Maturana e Ximena Davila, a origem deste sofrimento vem da negação (nossa, do outro) no convívio, é cultural. Para eles, quando não nos encontramos com a felicidade é porque estamos vivendo em um mundo relacional que nos nega. Importantíssimo dizer, também, que para Maturana e Ximena a sociedade patriarcal proporciona muito destes sofrimentos. Para eles, deveriamos existir no espaço de nossa convivência em uma sociedade matrística - marcada pela aceitação do outro como verdadeiro outro na relação, no linguajear, sem cobranças, sem expectativas. Para eles, todos os nossos "problemas" estão na negação de que somos originalmente seres amorosos.

Se vivêssemos como seres amorosos realmente nossa cultura seria outra. Não precisariamos viver em busca de um botão para clicarmos em busca da felicidade, rituais internos (e com o externo) de aceitação (minha e dos demais) fariam parte naturalmente de nossa caminhada, seriam culturais. A felicidade não chegaria (como não chega) naturalmente, mas seria parte de nosso conviver, porque não só nos responsabilizariamos com ela, mas também com a do outro. 

Para hoje, mais amor e esperança na vida e nas pessoas!

"Viver e não ter a vergonha de ser feliz,  Cantar a beleza de ser um eterno aprendiz" (Gonzaguinha)


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