Contra o Racismo, meu único desejo é a Educação!

"Meu único desejo, meu tema musical, meu diamante, é a educação". Rubem Alves não cansa de escrever isto. Eu não me canso de ler e certificar-me de sua verdade. Minha estrela também é a educação, mas não uma educação firmada somente nas ciências. Educar é outra coisa. "O educar se constitui no processo em que a criança ou o adulto convive com o outro" (Maturana). Educar é ensinar a ver e aprender a ver com o outro, respeitando as individualidades. Educar é um ato de amor*.

Quando vejo notícias como as do jogo do Esportivo contra o Veranópolis, pelo campeonato gaúcho, onde, mais uma vez, um trabalhador brasileiro foi vítima de racismo - penso que a educação falhou. Não a educação do senhor Márcio Chagas da Silva, árbitro de futebol. Mas a de quem o discriminou. Não a educação escolar, mas a familiar, a humana. 

Maturana em "Emoção e Linguagem na educação e na política" (p. 30) aponta que se o indivíduo não pode aceitar-se e respeitar-se, não pode aceitar e respeitar o outro. É bem provável que quem agrediu o melhor árbitro do Gauchão passado não consiga reconhecer-se, respeitar-se, visto que não consegue reconhecer e respeitar outro ser humano  - tão digno de respeito quanto qualquer homem deste universo. A educação falhou com ele. Com ele, o exercício de aprender a ver o mundo foi rasurado, "os olhos ficaram zeros"**. 

E para esta cegueira não há campo de futebol, não há copa do mundo, não há incentivo financeiro que torne visível outro cenário. O governo não tem culpa, a cidade de Bento Gonçalves, palco do último episódio racista do futebol, não tem culpa. Dinheiro, política e estrutura não educam. Pessoas (se) educam. É nas relações que os homens se humanizam. 

Contra o Racismo, meu único desejo é a Educação!
Porque, afinal, o poetinha já versejou...

"Se as coisas são inatingíveis, ora!
Não é motivo para não querê-las
que triste os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas". 
(Mário Quintana)

Imagem retirada do sitio:
http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2013/11/minhas-reflexoes-no-dia-de-consciencia.html

* Amor para Maturana não é um sentimento, é um domínio de ações nas quais o outro é constituído como legítimo outro na convivência.
** Prado Veppo, poeta Santa-mariense.

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