De narrativas, infância e amores
“A narrativa é igual a vida; a ausência de narrativa, a morte. [...]
O homem é apenas uma narrativa;
desde que a narrativa não seja mais necessária,
ele pode morrer.”
(Todorov)
Meus primeiros contatos com os textos literários foram na infância. Não sei precisar o dia, a hora, o momento exato em que fui levada para este universo mágico que tanto me fascina. Sei, somente, que não sabia ler nem escrever, que abusava da paciência leitora de minha mãe e que tinha ganas, muitas ganas de desvendar o enigmático universo das palavras. Com as palavras, eu seria outra.
Primeiro, veio a poesia e a arte de recitá-las. Depois, embriaguei-me pelas narrativas e nunca mais fui a mesma. À época, livro de cabeceira de criança era Monteiro Lobato. Muitas vezes, fui mais uma criança aos pés ficcionais de Dona Benta. Ainda hoje tenho entre os meus "História do mundo para as crianças", sovado de tanto dormir e acordar entre meus dedos curiosos.
Hoje, há uma infinidade de títulos que fazem qualquer leitor infanto-juvenil ficar enlouquecido frente a uma estante. Eu fico! Afinal, não perdi o hábito de vasculhar minhas lembranças pequenas, de me perder entre um doce e um verso simples, de ser leitora voraz destes livros feitos com tanto amor. Nesta magia literária, não estou sozinha. Minha sobrinha Maria Eduarda, presente iluminado de minha vida, me acompanha sempre. Com ela, sou leitora, sou narradora, sou feliz.
Com Maria Eduarda descobri "O passarinho vermelho", de Milton Camargo. Com Maria Eduarda perdi a conta da quantidade de vezes que me debrucei em "111 poemas para criança", de Sérgio Capparelli. Com ela, li "Felpo Filva", da Eva Furnari, li "O Carteiro chegou" e o "Carteiro chegou no Natal", de Janet & Allan Ahlberg. Com ela, todo livro é uma descoberta incrível. Hoje, uma pré-adolescente, ela me mostra que há outros livros além da "Série Vaga-lume".
Não sei precisar o dia, a hora, o momento exato em que fui levada para este universo mágico que tanto me fascina. Sei, somente, que com as palavras eu me tornei outra. Com elas, o caminho ganhou forma e direção. Que as palavras também iluminem o caminho da minha pequena Maria Eduarda.
Maria Eduarda, Vivi (gata) e eu, Angelise - lendo
"O Carteiro Chegou", de Janet & Allan Ahlberg.
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