Das contrapartidas no campo da Educação
Lembro-me do primeiro dia que fui para a escola. Tão grande aquele Colégio Padre Nóbrega que eu (já) imagina a dificuldade que seria subir aquelas escadarias até a sala de aula onde eu aprenderia a ver o mundo. Lembro-me da conversa franca dos meus pais, mostrando-me que aquelas escadas eram o caminho mais fácil para "ser alguém na vida" quando se é desprovida de bens materiais.
Na escola, o professor era sagrado. A professora Magda Elisabete Porto até hoje é uma deusa das descobertas alfabéticas para mim. Ela e sua amorosidade abriram as janelas dos meus olhos para o universo das letras. Com ela, escrevi e reconheci o meu nome. Com ela, aprendi que ensinar e aprender são verbos que caminham juntos, entrelaçados pelo amor que se dá no respeito ao outro, a si e a profissão. Com ela, eu quis ser boa aluna... com ela eu quis ser professora!
Neste universo entre a minha casa, a minha escola e o mundo, aprendi que estudar em uma escola pública requeria um pagamento, sim. Eu paguei cada centavo investido em minha educação. E não me refiro aos impostos, não! A minha contrapartida, o meu pagamento ao governo, foi aproveitar cada palavra, cada experiência, cada expectativa depositava nos meus estudos. Eu estudei para valer! Orgulho-me de nunca ter tido uma reprovação... orgulho-me de ser cria da escola pública, que com tantas dificuldades, me mostrou os melhores caminhos da vida.
Advinda dessa escola (do Padre Nóbrega e do Cel. Pillar), aprovei duas vezes no vestibular da universidade federal. Na universidade pública, me formei em dois cursos de graduação, fiz mestrado e agora ingresso no doutorado em Educação. A minha contrapartida tem sido paga a cada novo investimento...
Eu me orgulho de ser a primeira pessoa da minha família a fazer um doutorado, porque sei o quanto foi duro para meus pais, para meus irmãos, sobretudo para meus professores fazer com que eu chegasse até aqui. Eu sabia das dificuldades... o que eu não sabia e que fui descobrindo com o tempo é que para "ser alguém na vida" eu precisava adquirir bens imateriais, bens que o dinheiro não pode comprar, bens que mesmo não herdados são a maior herança que uma família pode deixar. Afinal, como sempre disseram meus pais, "o conhecimento é a única coisa que ninguém nunca nos tirará".
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