Conversinhas sobre humanidade

Já é tempo de cuidar. De aprender a cuidar. De saber cuidar. A correria do dia a dia tem nos deixado cada vez mais longe do encontro com as palavras, dos seus significados, do tom da nossa voz, dos nossos sentimentos, do reconhecimento dos gestos. Estamos perdidos em meio a um caos e precisamos nos redescobrir humanos.

Da espécie humana, nascemos sob o cuidado de nossos pais. Não nos alimentamos, não mantemos uma higiene básica sem o cuidado de uma outra pessoa. Nossa estrutura emocional depende muito da forma como o "linguagear", como a conversação se estabelecerá conosco, com nossa biologia. Nós não nascemos humanos, humanos nos tornamos com os cuidados que nos são dados, com o cuidado que estabelecemos, reciprocamente - o cuidado da liberdade, o cuidado do amor, o cuidado do respeito, o cuidado com as palavras, o cuidado do diálogo...

Nesta época do ano, quando o Natal e o Ano-novo batem à porta, me pergunto muito sobre a nossa humanidade, sobre o que nos tornamos em meio a este caos do século XXI. Que futuro teremos? Como estamos cuidando de nós mesmos, como espécie, para não nos perdemos de nossa humanidade? Não trata-se de uma nostalgia do passado, não. No passado, o cuidado (e a humanidade) não era privilégio de muitos. Trata-se de uma reflexão que busca esperança para a descoberta de um viver social legitimo. Um viver pautado no amor, onde este amor é simplesmente o respeito ao outro como verdadeiramente outro na relação*. 

Que dezembro seja tempo de descobertas e de renovações em torno da nossa humanidade! Que o cuidado seja presença... 

*Humberto Maturana.

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