Reflexões sobre o viver - parte 3

"Marco Archer Moreira. Brasileiro. Condenado a pena de morte. 
Morto na Indonésia no último dia 17". 

Os dias que antecederam e sucederam o assassinato do brasileiro na Indonésia foram de inúmeros comentários nas redes sociais. Procurei me abster de qualquer manifestação no fervor da notícia, pois estes temas costumam gerar (ainda mais) conflitos no campo das comunicações. É como política, religião - todo mundo quer manifestar seu ponto de vista acreditando em sua capacidade de ser respeitoso com o outro, mas se o outro divergir de opinião, os argumentos ganham unhas afiadas e há uma imposição em cada palavra. Pois bem...

No país em que vivemos muitos são condenados a pena de morte diariamente. Alguns, ao nascer, já tem tempo de vida pré-destinado. E nós pouco nos lembramos disto, não é verdade?! A pena, às vezes, é a fome que bate a porta; outras, o tráfico que teima em tomar posse; em inúmeras oportunidades, é a falta de acesso a saúde, a educação. Muitos brasileiros morrem no nosso país diariamente condenados por suas penas. Há inúmeras formas de morrer!

Eu sou contra a pena de morte seja ela onde for, com quem quer que seja. Simples de explicar o porquê: eu sou favorável a vida. Ninguém tem direito de tirar a vida de ninguém, por maior erro que esta pessoa possa ter cometido.  Isso me faz lembrar de uma entrevista feita ao Humberto Maturana que li recentemente. Ele conta que na sua sala de estudos tem na parede um quadro com a Declaração dos Direitos Humanos e que a estes direitos ele acrescentou mais dois, que percebe serem pertinentes a nossa constituição humana. São eles: o direito de errar  e o direito de mudar de opinião. Para Maturana, estes direitos são uma forma de ampliação da aceitação do outro, pois "se não podemos cometer erros, não podemos corrigir erros". 

Eu acredito na mudança constante que nos move. Acredito que muitos educadores que vi posicionando-se favoráveis a pena de morte, a violência, mover-se-ão em direção ao outro e a si mesmos. Acredito que nos humanizaremos no espaço amoroso de nossa convivência e assim não precisaremos mais morrer na falta de nós mesmos. 

(...)

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