Reflexões sobre o viver - parte 19: de culturas e de intolerância

Estou triste com o que os haitianos têm passado ao chegar aqui no nosso Estado. Estou triste e sou veemente contra qualquer tipo de agressão, de rechaço a cultura deles. Sou contra a qualquer ação que ameace os direitos humanos frente a qualquer nacionalidade, frente a qualquer pessoa, seja da nacionalidade que for. Para estes que andam por aí negando a existência legítima dos outros, em especial dos haitianos, meu pedido de paz.

Ver nos haitianos uma ameça aos empregos no Brasil é de uma ignorância tremenda. Ver isto em um estado fundado na mescla de matrizes  originárias, espanholas e portuguesas, reconfigurado com a vinda de imigrantes alemães, italianos no princípio do século XX (considerando apenas parte dos tantos imigrantes que para cá vieram), é, no mínimo, negar a própria história e origem de quase totalidade do Rio Grande do Sul - um povo fundado da e na mistura de diferentes etnias. Xenofobia não representa o povo gaúcho. O povo gaúcho não é um povo intolerante. O Brasil não é assim.

Estes homens e mulheres que estão vindo para o Brasil são pessoas cheias de história, de vida, de sonhos. Tiveram suas casas, suas vidas destruídas por terremotos, tiveram seus empregos usurpados pelo abalo total de suas placas tectônicas - para além das casas, dos prédios, a economia foi ao chão. Para não perder a esperança, estes haitianos têm saído de sua pátria, viajado dias e dias em condições precárias, têm sido roubados - tudo para buscar uma história diferente para suas vidas. No Haiti, de cada 10 pessoas, 7 passa fome. É de vida que estamos falando...  de uma luz no final do túnel, urgentemente, desesperadamente. 

Para estes que andam por aí negando a existência legítima dos outros, em especial dos haitianos, meu pedido de paz.






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