Reflexões sobre o viver - parte 21: quando parte um paisano
Nico
Fagundes foi destes raros homens que deixam história, que marcam a história,
que as (re)contam através de escrituras e ruminanças.
Com ele, com a sua escrita historiográfica, muito de nossa cultura
rio-grandense ficou registrada para além dos costumes, da vivência. Virou
material de estudo, de consumo por muitos guris e gurias nos Centros de
Tradição Gaúcha mundo afora.
O Nico
(e toda a sua família Fagundes) fez da nossa cultura um gosto a ser cultivado.
Na contramão das grandes redes - fez da televisão aliada na divulgação das
nossas façanhas, da nossa arte regional – ainda que esta divulgação se mantenha
fortemente localizada no Sul do país. De bombacha, pala no lombo, lenço e
chapéu tapeado levou de mão em mão o mate doce dos enamorados pela arte
produzida aqui na nossa casa, o Rio Grande.
Longe
de ser um niilistas dos pampas, Nico Fagundes sempre foi um estudioso de sua
prática tradicionalista. Sabia da formação do nosso estado, da história de cada
batalha, das danças tradicionais, da comida campeirada, sabia da constituição
do gaúcho como poucos sabem hoje neste Rio Grande de Deus. Defendia (diferente
de mim) uma matriz lusitana para nossa fundação. Nos fez brasileiros. Fez o
gaúcho - de todas as querências - reconhecer-se parte do Brasil.
O Nico
Fagundes fará falta para os gaúchos! O ativista Nico Fagundes fará falta para o
Estado do Rio Grande do Sul! Fará falta para os gaúchos e gaúchas de todas
as querências...
Se foi
o paisano. Fechou a porteira de sua trajetória pelos campos do Rio Grande do
Sul. Foi viver em outra morada. Quitou sua caderneta na venda da Província de
São Pedro e partiu!
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