"E se vão os anos..."
Há vinte e dois anos meus últimos dias de cada ano me levam à infância.
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Há vinte e dois anos meus últimos dias de cada ano me levam à infância. Que bom ter tantos motivos para sorrir!
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Como todos os anos, nós colocávamos a vida no chevette branco do meu pai e íamos passar as férias escolares na nossa casa de veraneio, no Passo do Angico. No bagageiro, ia nossa televisão caixa de abelha - e todas as suas histórias e imagens. Atrás, pendurada ao carro - minha supermáquina era companhia garantida. Malas, potes, panelas e muita música animavam nosso caminho até São Pedro do Sul, terra natal do meu velho.
Como eu não largava meu pai, era sempre companhia das viagens, enquanto que minha mãe e minha irmã se aventuravam no Linha Canoa. Era incrível! Era um tempo em que o asfalto ainda não tinha chegado completamente na faixa de São Pedro e nós, muitas vezes, nos embretávamos pela estrada de Canabarro, pela Igrejinha do Divino.
Consigo ainda escutar a risada do meu pai. Consigo ver o seu rosto e os seus olhos. Jamais olvidei os conselhos dados as voltas do Toropi, entre joaninhas e lambaris: "estuda, minha filha, estudo é a única herança que poderemos te deixar". Eu segui o conselho a risca!
Lembro com carinho de muitas histórias, como a do céu ser a lona preta de Deus. Esta é linda, sensível e poética - como meu pai! Lembro de minha coleção de minicopinhos de massa de tomate - todos comprados na cooperativa; lembro das lavouras de milho e da torcida do panelinha; lembro das festas no bar da tia Ivani e do tio Erton; dos bailes de carnaval. Seu "Nesto" e seu "Rosa" também fazem parte desta bagagem...
Muita vida vivida em apenas oito anos de convivência que marcaram significativamente minha existência. Com o meu pai eu pude ser outra; sem o meu pai eu precisei ser outra. E aqui estou eu, certa de que segui um caminho bom, certa de que ele, mesmo de longe, soube ser meu guia, minha luz.
Ainda sem conhecê-lo, parabéns ao velho Aroldo. Fez um belo trabalho!
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