Mais um Natal bate à porta

Mais um Natal bate à porta. É dezembro outra vez. Outra vez me pego pensando no capitalismo que virou as nossas festas de final de ano. No exagero das mesas cheias e das mesas vazias e no vazio das relações. Não há meio termo. 

Em outras épocas, nesta época, eu já teria preparado meu banquete de sonhos diários para o próximo ano. Já teria comprado os regalos dos amigos, o mimo dos sobrinhos. Desta vez, não fiz nada disto. Meu tempo foi capitalizado também. E assim, estou presa as minhas tarefas de tal forma que produzo o tempo todo e pouco me resta para viver. O trabalho virou nossa escravidão moderna. É o exagero do não viver. 

E, em meio a este turbilhão diário, nos prendemos pouco ao essencial, as minucias da vida. O exagero é uma perda enorme que não damos conta. É preciso ater-se aos encontros, aos sorrisos, aos abraços, as rodas de conversa. Rechear a mesa e endividar-se para o ano que inicia não resolve nossos problemas. Viver resolve nossas faltas. Conviver resolve nossas carências. É preciso encontrar o caminho do meio e buscar/criar as oportunidade de ser feliz hoje.

Mais um Natal bate à porta. É dezembro outra vez. Outra vez me pego pensando no capitalismo que virou as nossas festas de final de ano. Mas este ano farei diferente. Este ano eu serei ainda mais feliz, sem exageros à mesa, sem exageros nas compras. Importante será estar com as pessoas, olhar nos olhos dos meus, encontrar o encantamento de nossas charlas, o burburinho das crianças e a alegria imensa de estar junto da família. Para o próximo ano, vale a receita de Drummond...


(...) 

Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumadas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações (...)
Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo (...)


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