Conversas sobre Educação

           Semana passada escrevi nesta coluna uma frase do prof. Valdo Barcelos, professor da Universidade Federal de Santa Maria. Ele afirma que “em educação ainda tenhamos muitas obviedades que precisam, realmente, ser incorporadas em nosso fazer educativo cotidiano” (2013, p. 24).
Pensando nesta afirmação, acredito que esta incorporação em se tratando de ensino deve começar pelo olhar (e pela linguagem) amoroso(a) do professor, “pelo amor que introduz a profissão pedagógica, a verdadeira missão do educador” (Morin: 2007, p. 71). Deve começar com o professor sendo (ou retornando como o) “o centro da pedagogia, não )o seu) apêndice”, como coloca Arroyo (2011, p. 10), pois é preciso deixar de ver o professor “como recurso”– seja ele da etapa de ensino que for. 
É preciso, como coloca Arroyo (2011, p. 10), que se “recupere a sua condição de sujeito da ação educativa junto com os educandos”. Afinal, é nas nossas relações, no nosso conversar, como propõe Maturana (2004, p. 31) que nos humanizamos, que nos mostramos como humanos e que temos condições de modificar a nossa cultura.  
É preciso então que a universidade volte-se para estas questões que vêem a educação como um processo de construção humana. Que os cursos de licenciatura, em especial, agreguem a sua formação elementos significativos à prática docente, no sentido de preparar os futuros professores para o exercício compromissado de sua profissão, no sentido de preparar estes futuros professores para, através de suas linguagens e ações – com o seu linguajear[1] - contribuir de forma mais efetiva (e humana) para as modificações necessárias à cultura educacional que vivenciamos. 
Que a formação docente para estes professores seja impregnada de conhecimento sobre o emocionar, sobre o amor – emoção esta que, na visão de Maturana, funda o social. Que na formação docente destes professores seja possibilitada a reflexão sobre as relações humanas para que, aos poucos, possamos ir vendo as transformações também nas escolas. Para que estas, como afirma Barcelos (2013, p. 28), surjam como “espaços de criação, de invenção e de incentivo à espontaneidade em detrimento da cópia, da imitação e da violência simbólica e física que, infelizmente, ainda se fazem presentes no cotidiano de nossos espaços educacionais”.




[1] Termo cunhado por Maturana (2004).

REFERÊNCIAS:

ARROYO, Miguel G. Ofício de Mestre: Imagens e Auto-imagens. Petrópolis. VOZES, 2011.

BARCELOS, V. Uma educação nos trópicos: contribuições da Antropofagia Cultural Brasileira.  Rio de Janeiro. VOZES, 2013.

MATURANA, R.M.; VERDEN-ZÖLLER,G. Amar e brincar: fundamentos esquecidos do humano do patriarcado à democracia. São Paulo. Palas Athena, 2004.

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