De reconstruções



Quando eu viajo para outro lugar, gosto de ver a história marcada nos espaços públicos. Gosto de ver o passado reconhecido e respeitado no presente. Gosto de ver o passado como parte do presente na vida das pessoas.

Na Argentina, sempre me chamou atenção as manifestações das mães de maio, na Plaza de Mayo, em frente a casa do governo. As (agora) abuelas de mayo nunca deixaram o passado esquecido no tempo. O passado marcou profundamente a vida de cada uma destas mulheres, destas mães, destas avós. Está lá estampado em cada manifestação e marca a identidade do povo argentino.

O passado enquanto patrimônio arquitetônico é bem maior em muitos recantos de nosso Brasil também. Muitas cidades têm sua história nas ruas, preservada. No sul do Rio Grande do Sul vemos a promissora época de outrora nos prédios e praças de Pelotas, de Piratini, de Jaguarão. Em Porto Alegre, no centro da capital em especial, o passado corre paralelo a modernidade que se apresenta. O passado marca as identidades.

Se pensarmos a escola, o passado segue marcado de forma profundamente enraizada. A estrutura escolar em forma de carteiras, quadros e gizes segue intacta. Ainda não temos um presente que olhe efetivamente para este passado e se transforme em nova história. Não temos ainda um presente mudando (efetivamente) nossa forma de viver a educação. Meus olhos de educadora andam tristes neste sentido....

Esta semana os professores municipais, em São Paulo, saíram as ruas para reivindicar melhores salários. Cerca de 5 mil docentes colocaram a cara na rua para dizer que não estão satisfeitos com o que ganham, para dizer que precisam ser ouvidos. E precisam ser ouvidos urgentemente há anos.

Em um país onde todos querem dar pitaco na educação, é preciso ouvir os educadores. E ouvi-los para além de seus gritos por dignidade salarial. Em um país de tantas desigualdades, é preciso ouvir os professores falarem sobre o que realizam nas escolas que têm, com o pouco que têm em termos estruturais, em termos pedagógicos. Em um país que teima em fazer de suas manifestações atos de vandalismo - é preciso dar voz aos mestres. 

Google Imagens
É na educação que o Brasil acontece... É pela educação que precisamos nos mobilizar para criar um novo presente, para viver um novo futuro - sem jamais deixar de olhar criticamente para trás, observando nossa história, nossa caminhada, nossos equívocos. Afinal, somos hoje o passado que construímos. É preciso caminhar em educação sem  precisar bloquear a avenida Paulista e/ou a rua da Consolação.

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